quarta-feira, 24 de junho de 2009

Farelo de mamona apresenta grande potencial para a dieta de ovinos e caprinos

Lourdes Pereira

Hoje em dia muito tem se falado sobre o uso da mamona como alternativa para a geração de energia limpa. Mas, apesar da fama repentina da mamona, e não estamos falando aqui dos Mamonas Assassinas, pouco se tem pesquisado sobre o seu potencial para a nutrição animal. Assim, indo na contramão dos adeptos ao bicombustível, pesquisadores de agronomia da Universidade Federal do Piauí têm dedicado esforços para comprovar a eficiência desta planta para a alimentação de caprinos e ovinos, sem esquecer, é claro, da preservação do meio ambiente.

Não é nenhuma novidade que o Brasil apresenta vantagens naturais para a agricultura, mas o Nordeste e nele o Piauí, sofre com algumas limitações climáticas como a irregularidade pluvial. Por isso, planos de incentivos governamentais estão sendo formulados para favorecer o cultivo de oleaginosas adaptadas a estas adversidades visando a obtenção, entre outras coisas, de energia verde.

O interessante é que os subprodutos gerados com a transformação da mamona não estão virando poluentes ambientais e sim fonte de alimento para animais. Favorecendo também o barateamento nos custos de produção, pois algumas regiões piauienses apresentam baixa produção de grãos voltadas especificamente à formulação de rações concentradas, pois normalmente se dedicam a produzir para a alimentação humana.

Da semente da mamona utilizada para extração de óleo é retirado um subproduto, o farelo da mamona. Este farelo, gerado a partir de um processo químico, é normalmente utilizado como fertilizante de alta qualidade. Mas para o professor doutor do departamento de agronomia da UFPI, Arnaud Azevedo Alves, “não é justo transformar em fertilizante, este material que poderia estar sendo usado como alimento”. No Brasil, grande parte do farelo da mamona que é produzido destina-se à adubação orgânica, principalmente, para jardinagem, pois também é fonte de nitrogênio, fósforo e potássio.

Depois de estabelecer as características químicas, nutritivas e a viabilidade para o consumo do farelo de mamona, o trabalho dos pesquisadores agora está concentrado em avaliar as formas mais baratas de desintoxicar este material, já que alguns elementos antinutricionais o impedem de ser consumido em grandes quantidades sem trazer algum malefício à saúde do animal. Algumas pesquisas estão fazendo o processo de desintoxicação por meio de autoclavagem, que é mais ou menos uma espécie de cozimento do material, obtendo-se resultados satisfatórios. Mas ainda assim, este método se mostra pouco interessante do ponto de vista da conservação do meio ambiente e econômico, já que necessita de um gasto considerável de energia elétrica. Para resolver este problema, os pesquisadores ainda estão testando outros processos químicos para encontrar alternativas mais viáveis.


Alimentação

Atualmente, pela sua expressiva produção, o farelo da soja é a tradicional fonte protéica para ovinos e caprinos. Mas os resultados obtidos com as pesquisas podem fazer com que este hábito mude por causa das vantagens que a mamona pode trazer.

O beneficio econômico também pode ser notado quando as contas são feitas. O farelo de mamona possui 30% de proteína e o de soja possui 45%, mas quando consideramos o custo do quilo da proteína vamos encontrar o valor de R$ 0,30 no farelo de mamona e o de R$ 1,10 no farelo de soja. O que no fim das contas resulta que alimentar o seu animal com farelo de mamona sai muito mais barato.

Além dos custos, o desempenho nos animais também foi satisfatório, pois eles obtiveram maior ganho de peso com o composto misturado com farelo de mamona, considerando o mesmo período de alimentação, do que com o farelo de soja. “Quando substituímos o farelo de soja pelo de mamona obtivemos um ganho de peso de 170g” disse Arnaud se referindo as experiências com ovinos.

A ovinocultura se destaca no Brasil, mas as dificuldades com manejos são alguns dos empecilhos enfrentados pelos produtores, principalmente com a nutrição, pois ela é responsável pelo aumento da produtividade ovina e reflete na rentabilidade do sistema de produção. Assim, a dieta de melhor qualidade colabora para que os animais ganhem peso em menos tempo e tenha menos gordura na carcaça, seguindo desta forma, as exigências do mercado consumidor.

A mamona é encontrada facilmente em todo o Piauí e para o agricultor familiar há a possibilidade de produzir juntamente com outras culturas como milho, feijão, etc., a produção deve ser enviada para uma indústria de beneficiamento. E de lá o produto pronto para o consumo é levado para o produtor de ovinos, seguindo desta forma uma cadeia produtiva. Situação não muito favorecida pelo plantíl da soja, que é plantada de forma extensiva e geralmente se restringe à grandes produtores.

Um comentário:

  1. Olá Lourdes, tudo bem?

    Gostaria de conversar com vocês, que escrevem o Meio ambiente, ciencia & tecnologia.

    Você pode me madar um email? o meu endereço é luanamita.pp@gmail.com

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